Ciganos Ásia Oriental

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Ciganos do extremo oriente

1. Ciganos lendários na China:

O Extremo Oriente é chamado também de Ásia Oriental, está localizado a leste do continente asiático e abrange um território que ocupa uma área de cerca de 12 milhões de km2, onde vivem as populações de China, Japão, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Taiwan, Hong Kong, Mongólia e Macau

Você pode pensar em Carmen, uma garota inconstante em "Carmen" de Georges Bizet, ou Esmeralda, uma dançarina incrível em "Notre-Dame de Paris" de Victor Hugo, quando se fala sobre ciganos. No entanto,  poucos imaginariam que esse povo lendário veio uma vez à China, acreditando que se agarrou apenas às estradas da Europa. Na verdade, "os ciganos pisaram em solo chinês cerca de 200 anos antes do que em solo europeu. Para ser exato, durante a dinastia Yuan (1271-1368), quando viajaram para as províncias de Shaanxi e Gansu no noroeste da China", diz Cai Hongsheng, uma história professor da Universidade Sun Yat-sen na província de Guangdong, sul da China. 

Naquela época, os ciganos eram chamados de Luoli em chinês. Cai observou que o nome veio originalmente da Pérsia, onde os ciganos chegaram no século V. Ele fez referência a um artigo de Yang Zhijiu, historiador da Universidade de Nankai, que morreu em 2002 aos 87 anos. Yang era um especialista na dinastia Yuan e na história de Hui. Em seu artigo intitulado "Ciganos na Dinastia Yuan da China Luri Huihui", publicado em 1991, Yang escreveu: "Esses povos nômades, chamados 'Luoli' em chinês com a pronúncia semelhante a 'Luri', vieram para Shaanxi e Gansu do norte da China no dia 13 século, antes de chegarem à Europa por volta do século 15, onde permanecem como ciganos até hoje. "

No entanto, "O nome Luoli em chinês ou Luri em persa é diferente de Cigano em inglês ou Boêmio em francês. Cigano ou boêmio é um nome depreciativo, pois contém uma conotação de desprezar seu estilo de vida errante", escreveu Yang no jornal. No entanto, Cai apontou que Yang não respondeu a perguntas pendentes, como de onde vêm os ciganos? Onde mais eles estiveram? E Luoli permanece na China hoje?

Lamentavelmente, nenhum outro registro foi encontrado ainda para ajudar a responder a essas perguntas. Infelizmente, os estudos de Yang chegaram ao fim quando ele morreu em 2002. Outro ensaio de Li Hao, um oficial da província de Yunnan que também está interessado no assunto, descreveu os padrões de estilo de vida de Luoli em torno de Dali, um local pitoresco em Yunnan, durante o final do Yuan até o início da Dinastia Ming (1368-1644).

No ensaio de Li, Dali era então um importante portal de intercâmbio cultural e comércio com os países do sudeste asiático e com os da Índia, Pérsia e Luoli, chamados de "Moluo" no sudoeste da China. Semelhante a como os ciganos são retratados em filmes e no palco, Li descreveu como os Luoli cantavam e dançavam nas ruas, ou vendiam ervas e praticavam leitura da sorte para ganhar a vida. Acreditava-se que os ciganos também ganhavam dinheiro cantando e dançando. Eles criaram mais de 100 canções durante sua estada em Dali. "Essas canções foram cantadas em chinês, indicando que Luoli gradualmente adotou a cultura Han e encontrou uma maneira de ganhar a vida", diz Cai

Além disso, também sugeriu que as apresentações de Luoli foram bem aceitas pela população local. "Sem grandes públicos, como eles poderiam criar tantas canções?" diz Cai retoricamente.

"Essas contas estão realmente revolucionando", diz Cai. "Eles são corroborados por registros históricos, apesar do tom pessoal do ensaio e do forte sabor da cultura local".

Um detalhe interessante no ensaio descreve como as meninas Luoli se tornaram concubinas de um general local.

Como diz o ensaio, em 1252, um general mongol local, chamado Uriyanghatai, tinha oito concubinas. Destas, as mais bonitas eram três meninas Luoli. Lady Lótus, filha do chefe da tribo Luoli, era a favorita do general, pois era boa em dançar e cantar canções chinesas.

Dizia-se que Lady Lótus amava tanto o general que, após sua morte, ela prestaria homenagens em sua tumba todos os anos no Dia da Varrição da Tumba, um tradicional festival chinês de adoração a seus amados mortos.

"Seu comportamento leal durou mais de 30 anos", diz Cai. "Entretanto, esta história mostra a relação harmoniosa que existia entre os Luoli e os residentes locais."

2. Procurando por pistas:

Cai disse que os Luoli na China tinham uma vida material relativamente boa e liberdade. Eles puderam desenvolver seus talentos e viver seu modo de vida, enquanto as autoridades locais lhes forneciam moradia e outros serviços sociais.

Misteriosamente, no entanto, parece que o Luoli desapareceu repentinamente após a Dinastia Ming, deixando uma lacuna nos registros históricos. "Nem uma única palavra pode ser encontrada sobre os Luoli, ou ciganos, ou qualquer outro nome relacionado a eles nos registros históricos, corografia ou etnografia desde a Dinastia Qing (1644-1911)", disse Cai, "Não sabemos por que eles desapareceram, para onde foram ou se algum de seus descendentes permanece na China hoje."

Para localizá-los, Dai Yuanguang, um professor que já trabalhou na Universidade de Lanzhou, se juntou a um projeto de pesquisa conduzido pelo Centro de Pesquisa de Humanidades da universidade. Entre 1990 e 1992, ele viajou com frequência para áreas onde os Luoli ficaram, incluindo a região autônoma de Xinjiang Uygur e as províncias de Shaanxi e Gansu.

Como resultado, Dai descobriu alguns murais com imagens de ciganos dançando em grutas na área de Aksu, em Xinjiang. Ele também descobriu que os habitantes de Turpan em Xinjiang e do condado de Yongdeng em Gansu tinham características físicas e personalidades diferentes das pessoas Han.

Eles tinham narizes muito mais retos do que as pessoas de origem chinesa. As características físicas eram semelhantes às do povo Luoli. Quanto ao seu modo de vida, eles se mudavam em certas épocas do ano, demonstrando seu estilo de vida sem restrições, bem diferente daqueles dos residentes locais Han. Com base em suas descobertas, Dai propôs: "Pode ser que eles sejam descendentes da raça cigana". Ele também datou a entrada de Luoli na China na época das Cruzadas, que ocorreram durante o século XI.

Agora envolvido com estudos de jornalismo e comunicação na Escola de Cinema e Tecnologia da Universidade de Xangai, Dai diz que planeja retornar a esses lugares ainda este ano.

"O estudo dos ciganos poderia ajudar na comunicação internacional, aprendendo mais sobre como diferentes culturas e seitas se misturaram na China e revelando os tipos de influências que Luoli exerceu sobre os costumes locais", diz ele. No entanto, Cai acredita que não é sensato tirar conclusões precipitadas com base apenas nos diferentes estilos de vida ou características físicas dessas pessoas, apesar de todas as pesquisas sobre Luoli existentes na China entre os períodos Yuan e Ming.

"O grande desafio neste momento é encontrar seus rastros para descobrir se aqueles que parecem diferentes dos chineses han são ciganos ou seus descendentes. Um trabalho de campo sólido é desesperadamente necessário. Os fatos falam mais alto que as palavras", diz ele.

(China Daily 28 de setembro de 2005) 

Luoli - Os ciganos do extremo oriente 

Fonte:https://www.china.org.cn/english/culture/143791.htm

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